domingo, 5 de outubro de 2008

Papel

Está estabelecido que foi na China que se fabricou a primeira folha deita de pasta de papel. No primeiro século da era cristã , Tsai Lun mandou bater conjuntamente farrapos de seda e cascas de amoreira, misturando-as em águas. Posteriormente, crivou as fibras separadas pelo batimento numa forma feita de finas lâminas de bambu e entrelaçadas, obtendo folhas de papel que eram postas a secar ao sol.
As tecnologias de fabrico de papel têm sido objecto de inúmeros esforços de investigação e de transformação, procurando-se uma maior eficiência e eficácia do processo de produção, bem como na qualidade do produto final. Embora exista uma variedade enorme de tipos de papel, que se fabricam das mais diversas maneiras, as bases do processo não se afastam do conceito clássico de Tsai Lun, comas suas quatro operações: mistura de fibras vegetais em água, drenagem, prensagem e secagem.
A nossa civilização tem levado a um progressivo aumento da procura de papel para utilização, quer nos meios de comunicação, quer em embalagens. Este material tem condições para ser um produto aceitável do ponto de vista ecológico, visto que é produzido a partir de uma matéria-prima renovável, sendo reciclável e biodegradável
Torna-se, no entanto, necessário salientar os impactes ambientais negativos da produção de papel, os quais são decorrentes da desflorestação (monoculturas de espécies mais rentáveis e consequente diminuição da biodiversidade, erosão e exaustão de solos, abaixamento do nível freático e secagem dos poços), da produção intensiva de pasta (poluição atmosférica com emissões de ácido sulfídrico e mercaptanos e dióxido de enxofre), e do papel (poluição dos aquíferos com elevadas quantidades de produtos químicos-biocidas, branqueadores ópticos, correctores de humidade e de viscosidade, vernizes, etc. – utilizados no processo). Por outro lado, o branqueamento da pasta de papel, no caso de ser feito com cloro (poluição dos aquíferos com compostos organoclorados, dioxinas, de elevado grau de toxidade, bioacumuláveis e persistentes), e a eliminação dos resíduos originados na produção (produção de lamas com concentrações elevadíssimas de produtos tóxicos resultantes de todo o processo e aumento de resíduos decorrentes do consumo de produtos), também originam impactes no meio ambiente, quando não existem nas fábricas os adequados tratamentos de efluentes.
Vivemos numa sociedade de consumo e desperdício, em que o consumo é uma consequência da prosperidade, dando origem a sub-produtos e resíduos considerados sem utilidade, o que faz realçar a preocupação de reduzir, reutilizar e reciclar o grande volume de resíduos sólidos, quer domésticos quer industriais, de forma a permitir a sua reintrodução nos ciclos de mercado.
Por outro lado, o desenvolvimento da indústria de papel e cartão, as necessidades de matérias-primas, os sistemas de recolha de papéis velhos e do seu tratamento apelam necessariamente a uma estreia colaboração entre produtores e consumidores, numa atmosfera de confiança e boa fé.
É importante compreender que os resíduos podem ser uma fonte de matéria-prima que urge ser valorizada. Não é por acaso que um número cada vez maior de agentes económicos empresas e indivíduos) está consciente dos impactes no ambiente dos desperdícios e, consequentemente, dos custos acrescidos que estes impõem às suas actividades quotidianas.
É essencial estabelecer regulamentações e instrumentos económicos para a utilização de tecnologias menos poluentes por parte das indústrias, bem como incentivar a investigação e o design de forma a reduzir os desperdícios. Por outro lado, cada pessoa, no seu dia-a-dia, deve proceder a uma mudança de comportamentos, responsabilizando-se pelos seus actos e, consequentemente, facilitar e colaborar na política dos 3R’s.

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